Toda vez que fazemos alguma publicação sobre trabalho infantil, recebemos uma enxurrada de críticas e comentários como “melhor trabalhando do que roubando”, “eu comecei a trabalhar cedo e não morri” ou “trabalhar não mata, ensina” e outras pérolas parecidas.
O que gostaríamos de pedir com esse artigo, é que olhassem as fotos que vamos postar abaixo e refletissem à respeito desses comentários e o quanto eles podem ser totalmente fora do contexto ou da realidade de crianças em muitos lugares do mundo.
Depois de olhar as fotos, talvez ainda valha à pena refletir um tempo mais e pensar em que futuro essas crianças terão, como serão suas vidas com suas famílias, com seus filhos e assim por diante. Não terão estudos, muitas não saberão nem ao menos ler ou escrever, terão os dias que deviam ter sido os mais inocentes e felizes de suas vidas roubados para sempre e sem possibilidade alguma de recuperar esse período porque, enquanto lidavam com um dia a dia insano e desumano, não puderam ser apenas crianças.
Oportunidade? Tomara que desconheçam a palavra porque não fará parte do futuro da maioria delas porque, se quando crescerem, resolverem se mudar para grandes cidades à procura de oportunidade, quais as chances que terão sem alfabetização e com a experiência de vida que tem?
Se não forem contratados por nenhum de nós, grades conhecedores e críticos das vidas que desconhecemos, qual será o futuro deles nas grandes cidades?
Talvez não importe para muitos porque quando estiverem à margem da sociedade, com certeza sobrarão muitos outros comentários e pérolas sobre como não quiseram fazer nada da vida, como não se esforçaram e assim podemos continuar com nossas consciências tranquilas por não termos nos comovido com a dor alheia.
Que a data e as imagens nos façam buscar dentro de nós um lado menos crítico, menos julgador, menos cruel e desperte a compaixão, a empatia, o amor e o olhar humano que todas as crianças merecem receber.
Que quando olharmos para nossos filhos, muitos superprotegidos de tudo e de todos, poupados até de lavar uma simples louça, possamos parar para pensar no que podemos fazer por essas crianças, como podemos ajudar, lutar por elas porque, à não ser que as pessoas que fazem esses comentários tenham trabalhado nessas condições e vivido o inferno diário que essas crianças vivem, não existe uma justificativa sequer para não nos comovermos com o que elas vivem.
Por: Denise Maldonado – Mundo Certo